da Agência Estado
Apesar de o Exército ter se negado a ceder 20 tanques Urutu, a Marinha doou 500 fuzis para a segurança nas obras do PAC no Complexo do Alemão, no Rio. A PM usará 12 blindados "caveirões" reformados pela Marinha. A Polícia Civil pediu 120 mil munições.
Integrante da Força Nacional na entrada do Complexo do Alemão
(Foto: ANTONIO SCORZA/AFP)
O Exército negou o empréstimo de 20 tanques Urutu para a ocupação policial do Complexo do Alemão, no Rio, que deve acontecer nos próximos dias para garantir as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Foi o que informou ontem o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, José Mariano Beltrame. Segundo ele, o Exército informou que os veículos blindados só poderiam ser operados por militares e a atuação deles em operações policiais é inconstitucional.
"Solicitamos à Marinha (que doou 500 fuzis) e ela nos atendeu. Solicitamos os Urutus para o Exército e, infelizmente, não consegui. Há que se respeitar os argumentos deles", lamentou Beltrame. "Esses veículos foram pedidos para o transporte da tropa, porque a Polícia Militar trabalha em turnos e não quero deslocar essas pessoas com risco deles serem alvejados. Também transportariam a alimentação e a logística para garantir a segurança deles", afirmou.
Beltrame foi informado da negativa do Exército pelo chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste (CML), general Luiz Cesário da Silveira Filho. O serviço de Comunicação Social do CML informou que apenas encaminhou o pedido ao Comando do Exército, em Brasília, e que não comentaria a decisão.
O secretário de Segurança Pública disse que utilizará os 12 blindados da Polícia Militar, conhecidos como "caveirões", que estão sendo reformados pela Marinha. "Os 12 blindados devem estar em condições para garantir a permanência dos policiais naquela área. A Marinha me respondeu que em quatro dias faz as reformas necessárias", declarou o secretário.
O prazo para a ocupação policial do Complexo do Alemão, antes anunciado para o dia 27 próximo, foi adiado para o dia 7 de março, data marcada para a cerimônia de início das obras do PAC, por questões de agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve comparecer ao evento. O Governo estadual ainda espera o aporte de R$ 55 milhões do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), para a compra de equipamentos de segurança, a fim de que as polícias Civil e Militar e a Força Nacional de Segurança Pública atuem nas favelas do Alemão, Manguinhos e Rocinha.
Desafio
A ocupação do Complexo do Alemão é o grande desafio da gestão de Beltrame. A ação, no entanto, esbarra em problemas logísticos diante do farto material requisitado para a ocupação. A Polícia Civil pediu 120 mil balas de vários calibres, viaturas e armas, além de escudos portáteis israelenses. A Polícia Militar requisitou detectores de metais, radiotransmissores e armas. A ocupação não contará também com o helicóptero blindado norte-americano Huey II, comprado pela Polícia Civil, que só deve chegar em junho. Os PMs que participarão da ocupação do Alemão ganharão R$ 400,00 de gratificação da Bolsa-Formação do Governo federal.
Apesar de requisitar equipamentos de guerra para a missão, Beltrame mudou no últimos dias o discurso da chamada "política de enfrentamento" com o tráfico, que marca o governo Sérgio Cabral Filho. (PMDB). "Quero deixar claro que toda a atuação da polícia no PAC é para garantir a segurança do canteiro de obras. A Polícia não vai lá dar tiro, prender ninguém ou fazer operação policial. Nós vamos lá em missão de paz, que terá como conseqüência levar dignidade. Agora, não admitiremos que a Polícia seja achincalhada e afrontada", ressaltou o secretário.
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