quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Al-Qaeda utiliza doentes mentais em atentados suicidas

Como parte da investigação, Sahi Abub al-Maliki, administrador do principal hospital psiquiátrico de Bagdá, Al-Rashad, foi preso na semana passada para ser interrogado sobre um eventual vazamento de fichas médicas ou informações sobre pacientes


Contra-almirante Gregory Smith cogita conexão entre hospitais e clínicas(Foto: WATHIQ KHUZAIE/AFP)

A rede terrorista Al-Qaeda no Iraque teve acesso aos arquivos dos hospitais psiquiátricos e está utilizando a informação para recrutar suicidas entre mulheres que sofrem doenças mentais, denunciou o Exército dos Estados Unidos. As duas mulheres que transportavam explosivos e detonaram suas cargas em um mercado de animais domésticos de Bagdá no dia 1º de fevereiro, matando 100 pessoas, foram tratadas em hospitais psiquiátricos da capital iraquiana nas semanas anteriores aos ataques, afirmou o porta-voz militar dos Estados Unidos, contra-almirante Gregory Smith.


"Nós acreditamos que a Al-Qaeda pode ter entrado em contato com elas individualmente, longe de suas famílias, recrutando-as para estes ataques bárbaros, declarou o contra-almirante. O alto oficial acredita que os métodos e detalhes sobre os contatos podem ser revelados pelos funcionários dos hospitais. "Nós tememos que a Al-Qaeda tenha obtido arquivos de hospitais psiquiátricos", disse.

"Achamos que existe uma conexão entre vários hospitais e clínicas. Estas suicidas foram identificadas por nossos investigadores, que mostraram fotos das mulheres aos moradores da região, assim como a vários diretores de hospitais psiquiátricos", acrescentou Smith.

Uma das mulheres envolvida havia sido tratada por esquizofrenia e depressão durante vários meses como paciente ambulatória no hospital Ibn Rushd. Ela disse aos médicos que escutava vozes que pediam seu suicídio.

A outra mulher também tinha um histórico de doença mental e era tratada, também de forma ambulatorial, em outra clínica, que Smith não identificou. "Ambas tinham uma capacidade mental reduzida", disse. Porém, as afirmações das autoridades iraquianas de que as duas sofriam de síndrome de Down não parecem ser apoiadas por seus antecedentes psiquiátricos: Uma mulher usava uma mochila repleta de explosivos e a outra colete suicida. Não há indicações de que se conheciam.

Como parte da investigação, Sahi Abub al-Maliki, administrador do principal hospital psiquiátrico de Bagdá, Al-Rashad, foi preso na semana passada para ser interrogado sobre um eventual vazamento de fichas médicas ou informações sobre pacientes. No entanto, Smith disse que nenhuma das mulheres foi tratada no hospital Al-Rashad.

O diretor do hospital Ibn Rushd, Shalan al-Abbudi, confirmou que uma mulher identificada pelo Exército americano como uma das suicidas do mercado recebeu tratamento em seu centro médico. Abbudi acrescentou que a mulher foi diagnosticada com esquizofrenia com sintomas depressivos e alucinações auditivas.

"Vozes que a ordenavam que se matasse. Ela recebeu o tratamento apropriado e terapia de electrochoque", disse. Também afirmou que ninguém de sua instituição, que trata casos de doenças mentais agudas, estava envolvido. "Nenhuma informação dos arquivos de meu hospital foi entregue para ninguém de fora, por nenhum motivo", insistiu
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