terça-feira, 26 de agosto de 2008

O jornalismo de encomenda contra o governo

Gilson Caroni: o jornalismo de encomenda contra o governo

Que ganha bem um editor de primeira página de O Globo ninguém duvida. "O valor do sal" é calculado de acordo com a "esperteza" dos bem selecionados peixinhos do aquário. A manchete de domingo, 24 de agosto, "Cada medalha custou R$ 53 milhões à União", é um primor em matéria de distorção e ocultamento da verdade.

Por Gilson Caroni Filho, na Carta Maior

A reportagem, alusiva aos investimentos públicos feitos, em quatro anos, através da lei Piva e de recursos de estatais a diversas modalidades olímpicas, mostra que o jornalismo de encomenda não poupa esforços quando o alvo é o governo federal.

Talvez a melhor análise já tenha sido feita pelo leitor Álvaro Marins em comentário a um artigo que versava sobre outro assunto. O que o jornal tentou ocultar foi "que as empresas brasileiras públicas estão fazendo um investimento médio de R$ 8.000,00 por mês, por atleta, para que ele tenha treinamento e equipamentos adequados para participar com brilho de competições internacionais (que a Globo não transmite), entre elas, os Jogos Olímpicos (cujas competições a Globo só transmite se elas não alterarem a sua grade de programação). Enfim, hoje o leitor de manchetes de O Globo ficou sabendo que o governo Lula investe no esporte (como todo governo responsável) e que as Organizações Globo ficam muito aborrecidas com isso". Na mosca, Marins, na mosca.

Há dois anos, mais precisamente em 7 de maio de 2006, publiquei no Observatório da Imprensa, um artigo intitulado "O velho serviço de encomenda". Peço licença ao leitor para reproduzi-lo aqui. É interessante a cadeia alimentar do campo jornalístico. Da labuta dos peixes de mercado, os ornados e pomposos extraem os nutrientes para os interesses dos peixões associados em empreendimentos políticos e econômicos.

Qualquer advertência crítica à perfeição desse "ecossistema" soará como grito paranóico. Mas a leitura atenta não pode ceder aos reclamos do senso comum das redações. Nesse caso, a repetição mostra a que ponto chega um jornalismo que se considera como a única oposição confiável. Vale a pena ler de novo.

"O velho serviço de encomenda"

"Poucas vezes um jornal produziu uma edição tão explícita em intenções como o Globo de domingo (7/5). A entrevista com o ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, é um primor de golpismo travestido de trabalho jornalístico.

Prestidigitação e tentativas de projeção inserem-se de forma aguda nas páginas internas. O inédito exercício de futurologia trai os objetivos políticos da publicação. É o velho serviço de encomenda que não deveria surpreender a mais ninguém. A lamentar, sua previsível recorrência, apesar das loas tecidas ao exercício da democracia.

Ocupando a dobra superior inteira da primeira página, o diário alardeia como novidade bombástica a afirmação do ex-dirigente partidário, manchete da página 4: "Quem mandava no PT eram Lula, Genoino, Mercadante e Dirceu". Se notícia é divulgação, sob formato jornalístico, de algo socialmente relevante que merece publicação, fica difícil definir o que norteou o jornal carioca. Se, tal como definem os manuais, a novidade é um dos fatores de qualidade da informação, os editores parecem não ter noção de regras elementares. Ora, quem, entre os leitores da grande imprensa, não conhecia a importância hierárquica dos três políticos citados?

Definitivamente, mais uma vez, contrariando um dos slogans das Organizações, "o que pintou de novo não pintou na manchete do Globo". O que podemos ver, no entanto, é uma entrevista esburacada, sem sustentação interna e que nada acrescenta ao que já foi escrito sobre a crise política.

Todos sabemos que é a edição que confere sentido às informações contidas em uma matéria. Longe de ser mero procedimento técnico, o ordenamento do conteúdo é pautado por determinações ideológicas do veículo. No caso da entrevista, isso salta aos olhos. Basta que, tal como faz o jornal, pincemos alguns trechos do depoimento de Silvio Pereira. Escolhamos outros, diferentes dos selecionados pelo Globo, para elucidar a dinâmica:

1. "Não me conformo de o PT pagar todo o pato. Se investigassem a fundo realmente veriam isso. E o governo nada fez de errado";

2. "Só não mexi com os fundos de pensão. Os maiores ficaram com Gushiken. Mas não houve nada de errado com os fundos";

3. "Foi uma grande mística [a distribuição dos cargos]. De 7.900 pessoas que se inscreveram no sistema que eu montei, para toda a base aliada, com cargos e perfis técnicos, ficaram mais de 90% de fora. Foi um sistema legítimo".

Organizando o movimento

Ora, com base nas afirmações acima, a manchete poderia ser "Ex-dirigente do PT revela: o governo nada fez de errado". Haveria alguma distorção quanto às declarações do entrevistado? Será, enfim, o jornalismo uma atividade que comporte práticas discursivas efetivamente isentas? Creio que a resposta a estas questões já foi dada em marcos históricos bem distintos. As evidências empíricas há muito tempo desmontaram o mito da objetividade. Mas voltemos ao assunto que move nosso pequeno artigo.

Deixemos, então que o jornal fale de suas reais motivações. Segundo Soraya Aggege, jornalista que entrevistou Pereira, o que levou o Globo a procurá-lo" foi mostrar como vive o ex-secretário um ano após a crise do ‘mensalão’". Uma espécie de "onde anda você", muito comum nas editorias de esporte e seções dedicadas ao mundo artístico, mas raro, senão inédito, no campo político.

Mas por que logo ele? Havia tantos outros atores... Alguns, com predicados de barítono, como o ex-deputado Roberto Jefferson, certamente não se furtariam a atender à imprensa. Para os propósitos do jornal, porém, tinha que ser um ex-dirigente do partido. Alguém com conhecimento da máquina que pudesse, rompendo o silêncio, reiterar o que era por todos sabido como se novidade fosse. Uma legítima farsa, modalidade teatral que, desligada de princípios éticos, às vezes ganha conteúdo de denúncia à revelia do autor. Foi a isso que o Globo dedicou seis páginas na sua roupa de domingo.

Publicada na véspera da reunião do Conselho Federal da OAB, que decidiria se a entidade encaminha ou não o pedido de impeachment de Lula, a entrevista é emblemática. Mostra, sem qualquer disfarce, seu real objetivo. O que se lê na página 9 não deixa qualquer margem de dúvida. "As declarações de Sílvio Pereira – que repercutiram ontem mesmo porque a edição de O Globo começa a ser vendida nas bancas do Rio a partir das 15h – deram novo fôlego à crise".

O que impressiona é a capacidade premonitória do jornal. O que é publicado sábado permite adivinhar o que aconteceria na segunda-feira. E não estamos na seção de horóscopo. Mais uma vez a família Marinho vem a público anunciar que organiza o movimento. Orienta o carnaval e, na medida do possível, inaugura um monumento no Planalto Central do país”.

E assim será até 2010, não duvidem.

Padre italiano cancela concurso de "Miss Freira" por críticas

EFE
Rungi assegurou que o "concurso" será retomado

Padre lança concurso para eleger a freira mais bonita da Itália

Roma, 25 ago (EFE) - O sacerdote italiano Antonio Rungi (foto), que tinha lançado um concurso na internet para escolher a freira mais bonita do país, suspendeu momentaneamente a iniciativa ao considerar que havia gerado muita "confusão" e após ter recebido algumas críticas.


Com um comunicado, Rungi tinha pedido às religiosas e noviças com entre 18 e 40 anos que mandassem fotos para participar de um concurso de beleza, que acabaria "com alguns preconceitos sobre que as meninas menos bonitas se tornam freiras".

O sacerdote explicou hoje que decidiu cancelar a iniciativa ao considerar que foi "mal interpretada", pois seu objetivo era só "contar, através da internet, a vida nos conventos e os relatos mais belos da vida das religiosas".

"É uma iniciativa que diminui o papel das freiras consagradas a Deus, às missões, às obras de caridade, e aos mais indefesos", rezava um comunicado emitido hoje pelo presidente da Associação Cultural de Docentes Católicos, Alberto Giannino.

O padre afirmou que, após ser divulgada a notícia do concurso, recebeu, através de seu blog, "duras injúrias" e ameaças de "ir ao inferno".

O religioso esclareceu que o concurso queria ser uma "provocação" para "chamar a atenção para o mundo das freiras, freqüentemente pouco valorizado", e sobre "a falta de vocações entre as mulheres italianas".

Rungi assegurou que o "concurso" será retomado somente quando as pessoas entenderem "a bondade da iniciativa" e essa não for mal interpretada. EFE

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Bomba na China: mais de 180 milhões de pessoas feridas

Bomba na China

A bomba já explodiu na China e fez uma nação de mais de 180 milhões de pessoas feridas. De nada adiantou o rígido esquema de segurança, caras feias e o dialeto do ‘não pode’. O estrago não foi, está sendo grande. O ‘time Brasil’, como é chamada pelo Comitê Olímpico Brasileiro a delegação nacional, contabiliza erros, se deixa afetar pelo desequilíbrio emocional e fica feliz em comemorar terceiros, quartos...sétimos lugares. A atleta do salto com vara, Fabiana Mauren, perdeu a possibilidade de disputar medalhas por falta grave de comissão chinesa e aceita com passividade a sumiço da vara, da maior vara que ela tinha selecionado para seu salto. Brigar agora vai resolver alguma coisa?

Na ginástica olímpica nem preciso comentar, né? Bem, se os atletas que me fizeram deixar o sono de lado para prestigiar a competição se satisfazem com os resultados, eu só lamento, pois os três finalistas individuais são atletas medalhistas mundiais e na hora ‘H’ cometem erros primários. Treinam todos os dias as mesmas coisas.

Enquanto Daiane dos Santos passou anos ensaiando ginga ao som de Brasileiro, russas, norte-americanas, romenas, japonesas e chinesas, se dedicaram ao básico e o fizeram bem feito. Era só isso, fazer com segurança os exercícios exigidos e que realmente contam pontos.

Nosso cavalo paraguaio – aquele que só tem arranque – vai perdendo fôlego. Com algumas exceções pontuais, vôlei de quadra e de praia e o futebol feminino e masculino, o time Brasil faz bonito quando ainda é permitido errar e erra quando não se pode mais. Temos a cultura ainda de que mais vale competir e trazer a ‘medalha de latão’, do que competir até o fim por um lugar no podium. Não se pode contentar com bronze, depois de uma vida dedicada ao esporte. Nem nosso atletismo apareceu até agora. Só o judô trouxe três medalhas de bronze, mas o que valeu foi o desabafo do judoca Eduardo Santos, que disse “não tive competência”. Bem ao contrário do ginasta que ainda hoje diz “não saber o que aconteceu”. Já o ouro de Cesar Cielo Filho tem gosto de diamante. Entre gigantes da natação conseguiu, com sua determinação, trazer até então nossa única medalha. Enquanto a mídia (leia-se rede Globo) só falava em Thiago Perreira, Cielo foi lá e faz nosso hino tocar. Aliás, a Globo nunca investiu tanto numa cobertura olímpica, sem ter muita notícia boa dos nossos atletas, resta falar das curiosidades chinesas, voar de balão........

O Brasil pelo visto deve se contentar com um único recorde: Levou a Pequim a maior delegação da história da participação brasileira em Jogos Olímpicos: 469 integrantes, sendo 277 atletas em 32 modalidades. Em Atenas 2004, o Brasil competiu com 247 atletas em 28 modalidades. Ou seja, revezando as trigésimas e quadragésimas posições, certamente esta também deve ser o do maior fiasco da nossa história.



MARIANNA PERES é editora de Economia do Diário

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Olimpiadas na China: Cantora, fogos, coreografia e platéia eram falsos

AFP
Menina da cerimônia de abertura de Pequim-2008 não era a verdadeira cantora
Foto perfeita: Lin Miaoke mimes na frente de milhares de milhões na inauguração

Picture perfect: Lin Miaoke mimes in front of billions during the show

Foto perfeita: Lin Miaoke mimes na frente de milhares de milhões durante o show


Yang Peiyi (à esq.), a verdadeira cantora, foi substituída por Lin Miaoke na cerimônia
PEQUIM (AFP) - A menina chinesa que supostamente cantou "Ode à Pátria" durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim fez 'playback' porque a verdadeira cantora não era bonita o suficiente para representar a China, admitiu o diretor musical do espetáculo.

"Queríamos passar uma imagem perfeita e pensamos no que seria melhor para a nação", declarou Chen Qigang em entrevista à televisão chinesa, que também chegou a ser divulgada no portal Sina.com, antes de sumir do site.

Nesta terça-feira, a imprensa chinesa publica várias fotos de Lin Miaoke, de nove anos, que é tratada como uma "estrela em ascensão". Porém, não dizem nada sobre Yang Peiyi, uma menina gordinha de sete anos com os dentes fora do lugar, mas com grande voz.

"Era uma questão de interesse nacional. A criança que apareceria diante das câmeras tinha que ser expressiva", justificou Chen, célebre compositor chinês.

"Lin Miaoke é excelente para tudo isto. Porém, no que diz respeito à voz, Yang Peiyi é perfeita. Toda a equipe concordou", acrescentou o diretor musical.

A menina se apresentou na sexta-feira durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos diante de 91.000 pessoas no estádio 'Ninho do Pássaro' e de bilhões de telespectadores de todo o mundo.http://www.telegraph.co.uk/telegraph/multimedia/archive/00789/lin-yang-460_789580c.jpg
http://images.china.cn/attachement/jpg/site1002/20080810/001ec94a27150a088f1c07.jpg

(AP)

Cerimônia de abertura exibiu imagens pré-gravadas e feitas em computador

Globo Esporte

"Pegadas" de fogos de artifício que levavam ao Ninho do Pássaro foram produzidas para evitar tempo ruim e risco de piloto de helicóptero

GLOBOESPORTE.COM, com agências de notícias

Pequim

Reprodução do site da NBC, com os fogos de artifício em forma de pegadas

Nem tudo o que se viu na aclamada cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim aconteceu ao vivo. Algumas cenas previamente gravadas e feitas por computador foram ao ar para que tudo desse certo na transmissão ao vivo da televisão.

Segundo o Comitê Organizador dos Jogos, a cena do sobrevôo no parque olímpico acompanhando as pegadas de fogos de artifício que levavam ao Ninho do Pássaro haviam sido feitas meses antes por computador. Tudo para que um possível mau tempo em Pequim não prejudicasse a imagem. Também foi levado em consideração o risco do piloto de helicóptero seguir a rota dos fogos.

Wang Wei, vice-presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim (Bocog), admitiu o uso de imagens pré-gravadas.

- As televisões tinham recebido imagens prévias dos ensaios como recurso para que as utilizassem se considerassem convenientes. Pode ser que algumas o tenham feito, já que a visibilidade naquela noite não era muito boa em Pequim.

Wei destacou, no entanto, que a cerimônia foi oferecida "praticamente em sua integridade" com imagens ao vivo.

A cerimônia de abertura causou polêmica nos Estados Unidos. A NBC, detentora dos direitos de transmissão, deixou de transmitir a festa ao vivo – noite na China, mas madrugada no país - para exibir a festa gravada no horário nobre. Muita gente que acordou esperando que fosse assistir em tempo real reclamou. Mas a audiência "gravada" foi grande.

Voluntários para encher lugares vazios

O Bocog reconheceu que foram utilizados voluntários para encher os espaços vazios nas arquibancadas de algumas competições, apesar do anúncio de que todas as entradas já haviam sido vendidas.

- É verdade que todas as entradas foram vendidas, mas achamos que devido ao calor e à umidade, algumas não foram utilizadas - disse Wei.

As imagens computadorizadas foram produzidas pela empresa Crystal Digital Technology Co., de Pequim. "Fizemos o que foi possível para que parecesse real", disse o assessor de imprensa da empresa, Lei Ming, ao diário em inglês Pequim Times. "A maioria das pessoas não notou a diferença."

Coreógrafo da cerimônia de abertura, chinês Shen Wei é acusado de plágio

Artista italiano Enzo Carnebianca reivindica que uma das coreografias apresentadas é uma 'perfeita imitação' de seus trabalhos

Das agências de notícias Pequim

Liu Qi é acusado de plágio em coreografia da cerimônia de abertura

O coreógrafo chinês Shen Wei foi acusado de plágio ao preparar uma das coreografias apresentadas na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Pequim, que teria sido copiada de uma criação do escultor, coreógrafo e pintor italiano Enzo Carnebianca.

- She Wei mais uma vez plagiou minha obra - acusa o italiano, em carta enviada ao presidente do Comitê Olímpico da China, Liu Qi, e ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano.

Não é a primeira vez que Carnebianca faz uma acusação contra o chinês. Em 2004, Shen teria se apropriado de uma de suas obras mais famosas, "Folding", copiando uma coreografia do italiano para uma encenação feita em 1994 e depois divulgada na internet.

De acordo com o artista italiano, a coreografia apresentada na abertura das Olimpíadas "é uma perfeita imitação de figuras da minha coreografia 'O tempo sem tempo' de 1994 e de minha obra pictórica 'A família cósmica', de 2003".

Por isso, Carnebianca tomou a decisão de defender seus direitos "diante de todos os júris competentes" e resolveu fazer um apelo às autoridades italianas para que apóiem sua iniciativa.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Jornalista diz que CIA forjou documentos que relacionavam Saddam à Al Qaeda

carta falsificada tinha o objetivo de vincular o regime de Saddam com a Al Qaeda

Washington (EFE) - A Casa Branca ordenou à CIA (agência de inteligência americana) que falsificasse um documento sobre a suposta relação do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein com a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, segundo um livro lançado hoje.

O site "Politico.com" informou que, segundo Ron Suskind, a carta falsificada tinha o objetivo de vincular o regime de Saddam com a Al Qaeda, em parte para justificar a invasão dos Estados Unidos ao país árabe, em março de 2003.

Suskind, ganhador de um prêmio Pulitzer, promoverá entre hoje e amanhã seu livro de 415 páginas em várias entrevistas com a rede de televisão "NBC".

A Casa Branca negou categoricamente as acusações do livro de Suskind, intitulado "The way of the world".
"não havia armas de destruição em massa no Iraque"
Suskind alega que o Governo do presidente americano, George W. Bush, obteve informação de um funcionário dos serviços de inteligência iraquianos de que "não havia armas de destruição em massa no Iraque", e que os EUA tomaram conhecimento disso com "tempo suficiente para frear uma invasão".

A carta em si não é uma novidade, pois o jornal britânico "The Sunday Telegraph" já tinha informado de sua existência em 14 de Dezembro de 2003, o que gerou uma grande cobertura midiática nos EUA.

Agora, Suskind destaca que a carta foi falsificada por instruções da Casa Branca.

A condução da Guerra do Iraque é um dos temas dominantes da disputa presidencial nos EUA.

O candidato democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, disse que a invasão foi um erro estratégico e que, segundo ele, o Afeganistão deve ser a "frente central" da luta global contra o terrorismo.

Segundo Suskind, o Governo Bush tinha entrado em contato com o diretor dos serviços de inteligência do Iraque, Tahir Jalil Habbush al-Tikriti, nos últimos anos do regime de Saddam.

Muito antes da invasão, Habbush al-Tikriti tinha informado à Casa Branca que não existiam armas de destruição em massa, mas as autoridades dos EUA fizeram caso omisso e o enviaram em segredo para a Jordânia, diz o livro.

"Pagaram a ele US$ 5 milhões - poderíamos dizer para comprar o seu silêncio -, e depois usaram seu status de cativo para ajudar a enganar o mundo sobre uma das verdades mais assustadoras da época: os EUA foram à guerra de forma fraudulenta", relata.

O Departamento de Estado americano, segundo Suskind, mantém Habbush al-Tikriti na lista dos mais procurados, por quem ofereceu uma recompensa de até US$ 1 milhão.

Aparentemente, a Casa Branca havia "inventado" uma carta de Habbush al-Tikriti a Saddam, com data de 1º de julho de 2001, e nela dizia que o estrategista dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 Mohammad Atta tinha sido treinado para sua missão no Iraque.

Sua suposta presença no Iraque demonstraria "que havia um vínculo operacional entre Saddam e a Al Qaeda", segundo o autor.

"Desde os atentados de 11 de Setembro, o escritório do vice-presidente (dos EUA, Dick Cheney) tinha pressionado a CIA para que desse provas desse suposto vínculo como uma justificativa para invadir o Iraque", diz o livro.

A Casa Branca negou as acusações de Suskind, que inclusive detalha que a ordem de inventar a carta foi escrita em papel timbrado "de cor creme" da Casa Branca.

Tony Fratto, um porta-voz da Casa Branca, declarou ao "Politico.com" que "a acusação de que a Casa Branca instruiu alguém para falsificar um documento de Habbush al-Tikriti a Saddam é simplesmente absurda".

"Ron Suskind ganha a vida fazendo jornalismo sensacionalista.
Quer vender livros fazendo acusações exageradas que ninguém pode checar, incluindo as várias comissões bipartidárias que informaram sobre os dados de inteligência prévios à guerra", disse Fratto.

Antes deste último livro, Suskind já tinha ficado famoso com dois livros, em 2004 e 2006, que também criticavam duramente a gestão do Governo Bush, constando na lista dos mais vendidos do jornal americano "The New York Times". EFE