sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Carta aberta a Jarbas Vasconcelos. Por Edilson Silva

Carta aberta a Jarbas Vasconcelos. Por Edilson Silva

Por Edilson Silva

Caro senador Jarbas Vasconcelos, quero parabenizar-lhe pela coragem de ir a um dos semanários mais lidos do país e tocar de forma tão direta em um tema que incomoda tanto o nosso povo: a corrupção e a falta de ética na política. Ao fazê-lo, o senhor se soma a um forte sentimento de repulsa presente na população à forma como a imensa maioria dos políticos e partidos atuam.

Contudo, senador, é preciso se perceber e constatar que o modus operandi hegemônico na política brasileira, esta corrupção sistêmica, é já uma construção cultural, fruto de um processo histórico, processo que tem na sua biografia uma nada desprezível contribuição.

O senhor já foi prefeito de Recife e já governou o estado de Pernambuco por mais de uma vez. Quando nestes cargos, que são executivos, o que efetivamente o senhor fez para combater a construção desta hegemônica prática corrupta? A história diz que nada. Ao contrário, seus governos foram marcados pela ousadia em unir sua biografia de combate à ditadura com outras ligadas ao atraso, oligarquias tão nefastas à sociedade como a liderada por José Sarney, tão criticado em sua entrevista.

A União por Pernambuco, por exemplo, que uniu o seu PMDB ao então PFL e ao PSDB, e que governou através de sua pessoa nosso estado de 1998 a 2006, é parte da plataforma que cria e sustenta as condições políticas para que figuras como Renan Calheiros sobressaiam-se nacionalmente como lideranças. Renan não é fruto apenas de suas próprias maldades, mas de um ambiente político acolhedor às suas práticas, ambiente que o senhor, senador, vinha ajudando a manter com indisfarçável zelo.

O senhor fala em sua entrevista em reforma política para combater este estado de coisas na política, e nisto tenho muito acordo. Porém, senador, não há reforma política que tenha efeitos positivos quando as populações são tratadas única e exclusivamente como eleitores, vítimas fáceis de todas as manipulações já bem estruturadas nas eleições de seus supostos representantes.

Não seria interessante se a reforma política viesse acompanhada da construção de mecanismos de participação popular e efetivo controle social sobre o Estado, em que a sociedade civil, a população organizada, fosse ouvida e respeitada? Pois também neste aspecto, senador, o senhor não contribuiu quando podia. Ao contrário, quando governador, por quase oito anos, o senhor virou as costas para a sociedade organizada, transformando o Palácio do Campo das Princesas numa fortaleza militar, que simbolizava a falta de diálogo com importantes atores sociais.

Os movimentos sociais, a meu ver parte fundamental no exercício da democracia, foram criminalizados em seu governo, tratados com cavalaria, cães e spray de pimenta. Seu governo cortou a consignação do sindicato dos professores e também do sindicato dos fazendários, buscando asfixiá-los para que não pudessem reivindicar seus pleitos, para que não pudessem questionar seu governo. Essas ações, senador, contribuíram para que a política se apequenasse, ajudando a que "Renans" e "Sarneys" ganhassem força.

Outra coisa que talvez o senador não tenha percebido é que o projeto neoliberal, que tem em vossa senhoria um entusiasta, é uma doutrina que institucionaliza na prática a privatização da política. A ideologia do mercado é transformar tudo em mercadoria, da fé à política. O senhor defende, inclusive na referida entrevista, mais e mais neoliberalismo, mais reforma da previdência, mais privatizações. A ética do mercado, senador, se justifica no lucro e não no bem estar da sociedade. Parece-me contraditório seu discurso também neste aspecto.

Apesar de todas estas contradições, insisto em parabenizar-lhe pela entrevista, e torço para que leve as denúncias adiante e reveja também, por coerência, a sua forma de fazer política, irradiando esta nova fase aos seus muitos comandados em nosso estado. Do contrário, parecerá que sua entrevista foi o desabafo, no melhor estilo Jarbas, de uma liderança asfixiada e amargando os apertos de ser oposição em todos os níveis de governo.

Tenha um excelente carnaval, senador.

Atenciosamente, Edilson Silva.

Presidente do PSOL/PE
http://jc.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2009/02/20/carta_aberta_a_jarbas_vasconcelos_por_edilson_silva_41478.php

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Globo não deu pesquisa com popularidade recorde de Lula

Globo não deu pesquisa com popularidade recorde de Lula

Leitores escrevem para confirmar: o Jornal Nacional de terça-feira, mais uma vez, divorciou-se da notícia. A Globo não deu a pesquisa CNT/Sensus, em que Lula — apesar da crise econômica — bate recorde de popularidade (84%).

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador

Isso é notícia em qualquer lugar do mundo. Menos na Globo.

Confirmei o fato, também, com algumas boas fontes que mantenho na Redação da TV Globo. Uma dessas pessoas disse-me que é escancarada a intenção de favorecer Serra, especialmente na cobertura dos telejornais locais em São Paulo.

Como escrevi há pouco, nada mais me espanta nas atitudes de Ratzinger (Ali Kamel) — o agente das sombras do jornalismo global.

Ele deve ter baixado uma espécie de bula papal, proibindo a divulgação da pesquisa nas Organizações(!) Globo. Aos editores, coube apenas curvar-se, em silêncio obsequioso.

O Jornal da Globo (aquele que vai ao ar no começo da madrugada) também não publicou nada. E o jornal O Globo trouxe uma pequena referência à pesquisa CNT/Sensus, na capa desta quarta-feira (04/02/2008), mas em vez de destacar a popularidade de Lula, preferiu manchetar: “Dilma sobe e Serra lidera”.

O fato é estranho, mesmo para os padrões jornalísticos de Ratzinger.

Talvez haja algo se movendo nos bastidores das comunicações do país.

Se a idéia fosse apenas esconder a notícia, o “normal” seria a TV Globo dar uma nota, discreta, sobre a pesquisa lá pelo meio do JN. Mas, ao ignorar a notícia solenemente, talvez tenha mandado um recado ao Palácio do Planalto.

Digo isso porque outro fato estranho ocorreu no último fim-de-semana. Vocês viram o anúncio publicado pelo SBT em jornais e revistas de todo o país? Parece um recado no sentido oposto: “Presidente, estamos com o senhor, não torcemos contra”. Sílvio Santos procura ocupar espaço, como a dizer: “não somos como a turma lá do Jardim Botânico”.


O SBT sabe que a animosidade da Globo contra o governo Lula cresceu? Há motivos políticos, ou há também uma luta pela distribuição das milionárias verbas publicitárias controladas pelo governo?

Ou o Sílvio Santos ficou sabendo antes da pesquisa, e quis pegar carona na popularidade de Lula?

Vejam: estou apenas testando hipóteses.

O que Lula e Dilma vão fazer diante disso? Provavelmente, nada.

Lula, como eu já disse num outro texto, às vezes lembra mais Jango do que Vargas.

Cabe a nós, ao menos, espalhar pela internet o que se passou nesse caso. Mais um episódio didático, a apontar como atua boa parte da “grande imprensa” no Brasil. É uma imprensa cada vez mais minúscula.

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=50656

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Globo prejudica capital mato-grossense para a copa 2014

Reportagem da ''Bobo'

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Reportagem da Rede globo televisão, carinhosamente chamada pelo Zé Carioca –personagem da Walt Disney - de rede bobo, mostrada ontem no fantástico, mostrando uma quadrilha de menores, que supostamente atuaria em Cuiabá, é uma ducha de água fria nas pretensões a capital mato-grossense a sub-sede da copa do mundo de 2014. Apesar de os menores mostrados na matéria já estarem em liberdade, a bobo preferiu não comentar o fato na sua totalidade. Detalhe: cópia da reportagem já estariam sendo distribuidas para representantes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e para os emissários da FIFA. Alias, seria articulação do grupo Zahran para levar a sub-sede da copa para Campo Grande.

Da Redação
http://www.olhardireto.com.br/colunas/coluna.asp?cod=18989

Mídia, demos e a tragédia da Renascer - TV Globo esconde a sujeira

Mídia, demos e a tragédia da Renascer
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Por Altamiro Borges - de São Paulo

O sempre atento Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB e ex-deputado estadual, postou no seu blog uma notinha reveladora do caráter da mídia. “O Bispo Gê Tenuta, o responsável pela Igreja Renascer, já foi deputado estadual e hoje é suplente de deputado federal pelo DEM/SP. Parece, inclusive, que vai assumir o mandato. Não vi uma única linha que tocasse nesta condição política do religioso. A mídia não quer associar a tragédia, que resultou na morte de nove pessoas, com a prefeitura. Kassab e Bispo Gê são do mesmo partido. Tanto a prefeitura como os responsáveis da igreja descuidaram de itens essenciais à segurança dos fiéis”, registra o texto “empresário da fé”.

A manipulação da mídia, como alerta Nivaldo, é realmente impressionante. Se o tal bispo tivesse apoiado Marta Suplicy na eleição paulistana, com certeza o vínculo seria manchete dos jornalões e das revistas. O “colunista” Arnaldo Jabor, cuja esposa, Suzana Villas Boas, presta assessoria ao governador José Serra, teria feito suas gracinhas na TV Globo. Mas como o líder evangélico é do demo (ex-PFL), nem a sigla partidária aparece quando citam seu nome. As imagens de Kassab e Bispo Gê juntos em campanha sumiram do ar. Talvez nem as centenas de pessoas soterradas nos escombros do prédio inseguro da Igreja Renascer façam a devida ligação bispo-prefeito-demos.

TV Globo esconde a sujeira

A Renascer fez ativa campanha para Gilberto Kassab, apadrinhado do presidenciável José Serra. Engajado na campanha, o diretor-executivo de jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, deu até uma trégua na guerra liderada pela emissora contra as igrejas evangélicas. Para livrar a cara do demo, ela deixou de alardear a prisão, nos EUA, dos fundadores da igreja, Sônia e Estevam Hernandes, acusados de desvio ilegal de dinheiro. Também abafou as investigações que apontaram Fernanda Hernandes, filha dos fundadores da Renascer, como “funcionária fantasma do deputado estadual Geraldo Tenuta, conhecido como Bispo Gê”, segundo relato do casal global no Jornal Nacional.

Para interferir na batalha eleitoral, a mídia deixou de lado a “imparcialidade” nas apurações das irregularidades da Igreja Renascer – inclusive as que denunciaram o uso indevido de entidades assistenciais para enriquecer a instituição “religiosa”. Faz o mesmo agora, diante dos escombros do prédio e dos nove mortos, omitindo as relações do Bispo Gê com o DEM e o prefeito reeleito da capital paulista. A cada dia que passa, a mídia hegemônica se transforma no principal partido da direita no Brasil. O que ela chama de cobertura jornalística é, de fato, manipulação política.

Aero-Yeda e o silencio midiático

Outro caso emblemático desta distorção é o tratamento dado pela mídia à compra de um jato para governadora do Rio Grande Sul, Yeda Crusius. A tucana, que chafurdou o governo em inúmeros casos de corrupção, anunciou a aquisição do avião executivo orçado em US$ 26 milhões. Diante das críticas, ela rebateu: “Podem chamá-lo de Aero-Yeda, de Queen Air, do que quiserem”, em mais uma prova de inabilidade e arrogância políticas. A mídia, porém, parece que inocentou a governadora. Na Folha de S.Paulo foram publicadas apenas três notinhas, não houve destaque no Jornal Nacional. Bem diferente do escarcéu promovido contra o chamado “Aero-Lula”.

Até o blogueiro Ricardo Noblat estranhou as reações diante desta nova aquisição. “Quatro anos depois de criticar duramente o governo do presidente Lula pela compra do Airbus presidencial, integrantes do comando do PSDB se esquivaram de comentar a decisão da governadora do Rio Grande do Sul, a tucana Yeda Crusius, de também adquirir um jato para vôos internacionais”. O blogueiro, que também é colunista do jornal O Globo, só não criticou o vergonhoso silêncio da mídia hegemônica – por motivos óbvios.

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB - Partido Comunista do Brasil, autor do livro Sindicalismo, resistência e alternativas (Editora Anita Garibaldi)
http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=149337