sexta-feira, 2 de maio de 2008

O austriaco Josef Fritzl "O monstro de Amstetten"



Austríaco mantém filha presa em porão por mais de 20 anos




Porão onde austríaco manteve filha por mais de 20 anos




Porão onde austríaco manteve filha por mais de 20 anos

Ronald Zak/AP



Imprensa em frente à casa do austríaco que manteve filha presa em porão por mais de 20 anos




Vista aérea da casa casa onde homem manteve filha presa em porão por mais de 20 anos




Responsável pelo caso exibe foto de homem que manteve filha presa em porão por mais de 20 anos


Policiais austríacos fazem vigia em frente à casa onde homem mantve filha presa em porão por mais de 20 anos

Polícia isola austríaco preso devido a ameaça de linchamento

VIENA, Áustria - O austríaco Josef Fritzl, acusado de prender sua filha em um porão por 24 anos e manter relações sexuais com ela, foi isolado no centro penitenciário em que está preso, diante do risco de ser linchado por outros presos.

De acordo com o diretor da penitenciária, da mesma forma que acontece em muitos países, na Áustria, há entre os presos códigos que estabelecem hierarquias para delinquentes e crimes. Desta forma, assassinos e estupradores são vistos como o pior tipo de presos e, por isso, correm o risco de serem linchados.

Segundo um homem de 63 anos que passou três anos preso em uma penitenciária por roubo a banco, nem mesmo o isolamento consegue proteger os pedófilos, pois sempre há um caminho para chegar até eles, seja durante um passeio no pátio ou durante a refeição, que é feita pelos próprios presos.

Fritzl pode ser condenado à
prisão perpétua por homicídio, pela morte de um dos bebês nascidos em cativeiro como fruto das relações sexuais que teve com a filha, mas para isso, os investigadores precisam encontrar provas suficentes que o incriminem. Caso isso não ocorra, o aposentado pegará no máximo 15 anos de prisão por ter trancado e abusado de sua filha por 24 anos, podendo ser solto após sete anos e meio.

Com Agência Efe

Cativeiro subterrâneo da casa de Fritzl centra investigações da Polícia

Viena, 2 mai (EFE).- O porão onde Josef Fritzl trancou a filha Elisabeth durante 24 anos centrou hoje as investigações da Polícia austríaca, enquanto surgiu um relatório policial que indica que o acusado já tinha cometido vários crimes sexuais no passado.

O chefe da investigação, Franz Polzer, disse hoje que o acesso ao cativeiro subterrâneo tinha duas portas de aço, que tinham um mecanismo eletrônico para sua abertura e fechamento à distância, através de um código que apenas Fritzl conhecia.

Segundo Polzer, o trabalho dos policiais se complica por causa da falta de espaço e de oxigênio no porão, o que obriga os peritos a interromperem seu trabalho com freqüência para tomar ar.

Para evitar que os agentes deixem DNA no lugar, eles trabalham sempre com máscaras, explicou Polzer à imprensa. O perito acrescentou que as investigações no local durarão várias semanas.

Elisabeth, de 42 anos, ficou trancada no porão da casa de Fritzl e foi violentada sistematicamente por seu pai, com quem teve sete filhos, nascidos no local em condições subumanas.

A Polícia tenta entender como funcionava toda a infra-estrutura subterrânea instalada por Fritzl durante todos esses anos.

"No porão, há muitos canos que desaparecem nas paredes. Tudo está bem isolado com espuma industrial", disse Polzer.

Por outro lado, o chefe da investigação afirmou que seus agentes completaram "a impressão da família", que revela que o acusado "não é apenas uma pessoa autoritária, mas um verdadeiro tirano, que não permite questionamentos".

Para a família, "era um tabu saber por onde ele andava. E o porão da casa era um tabu especial", explicou Polzer.

Enquanto isso, um dos grandes mistérios do caso parece ter sido esclarecido, com a descoberta de um relatório policial que revelaria que Fritzl teria sido detido em 1967 por violentar uma mulher.

O jornal local "OÖN", que encontrou o documento no Relatório Anual da Polícia de Linz, capital do estado da Alta Áustria, diz que a detenção aconteceu quando Fritzl já havia sido fichado por outra tentativa de estupro e um crime de exibicionismo.

As autoridades do estado da Baixa Áustria, onde está Amstetten, afirmaram não saber nada sobre possíveis crimes de Fritzl no passado.

O delito prescreveu e foi apagado automaticamente dos arquivos, como é previsto pela lei, mas o relatório se encontrava no Arquivo Regional da Alta Áustria.

Ali normalmente são guardados os documentos do Tribunal Regional, que ficam abertos ao público por um prazo de 50 anos.

Um porta-voz da Promotoria da Baixa Áustria, onde Fritzl está preso, disse que esse relatório será considerado na acusação que está sendo preparada contra Fritzl.

Günter Mörwald, diretor da prisão onde Fritzl está recluso, disse hoje ao jornal gratuito "Heute" que o acusado está isolado em uma cela para evitar que seja linchado pelos outros presos.

Segundo a legislação austríaca, Fritzl pode ser condenado a no máximo 15 anos de prisão pelos abusos contra a filha e à prisão perpétua se for provada sua responsabilidade na morte de um dos bebês nascidos em cativeiro.

Apesar de todas as autoridades locais terem afirmado que fizeram tudo "de acordo com a lei", comentaristas do país e estrangeiros não param de expressar suas dúvidas sobre a adoção de três dos filhos de Fritzl por ele e sua mulher, Rosemarie, sobretudo agora com seus antecedentes criminais que reaparecem agora.

Três dos filhos de Elisabeth foram levados para a casa de Fritzl para serem criados como netos, e um deles chegou a ser adotado, enquanto os outros dois foram colocados sob sua tutela.

Os outros três filhos passaram a vida inteira no porão, sem ver a luz do dia.

Kerstin, a filha mais velha de Elisabeth, continua internada em estado grave no hospital de Amstetten, possivelmente por causa de uma infecção originada no cativeiro.
EFE jk/wr/db

Ex-inquilino de austríaco diz que pagou contas de luz do cativeiro

da Efe, em Viena
da Folha Online

Um ex-inquilino de Josef Fritzl, 73, o homem que manteve a filha Elisabeth, 42, aprisionada em um porão durante 24 anos, diz ter certeza de que enquanto viveu na mesma casa pagou, sem saber, a eletricidade consumida pelos habitantes do porão.

Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal de Viena "Die Presse", Sepp Leitner é um garçom que, no início dos anos 1990, alugou por quatro anos um apartamento de 30 metros quadrados no andar de baixo da casa de Fritzl, na cidade de Amstetten.

Em entrevista ao jornal, Leitner afirma que nunca ouviu qualquer barulho suspeito, mas que chamou sua atenção as exorbitantes contas de luz, pelas quais teve uma briga com Fritzl. Apesar disso, o garçom acabou tendo de pagá-las.

Reprodução Tio Sam News

Hoje, ele diz se arrepender profundamente de não ter perguntado mais, pois está convencido de que se o tivesse feito, o segredo mantido pelo dono do imóvel teria sido descoberto bem antes. Segundo Leitner, sua conta de luz correspondente a um trimestre era de 5.000 xelins austríacos (350 euros).

Na época, ele conversou com outros inquilinos e, ao comparar as faturas, deduziu que a sua não deveria passar de poucas centenas de xelins, e não só por seu imóvel ser pequeno. O garçom explica que quase não tinha eletrodomésticos, nem sequer uma máquina de lavar roupa --levava sua roupa suja para a casa da mãe-- e porque ficava dias fora de casa.

Ele percebeu que, mesmo desligando todas as fontes de consumo elétrico, o medidor de luz continuava marcando. Leitner afirmou que tentou investigar as causas da conta ser alta com um técnico eletricista, mas não obteve sucesso. "Se tivesse continuado escavando até revelar o segredo das contas de eletricidade, talvez há muito tempo teria encontrado o esconderijo".

Proibições

O garçom lembra de ter visto com freqüência Fritzl "entre 22h e 23h entrando no jardim, sempre com sacolas de compras". De acordo com ele, os inquilinos eram proibidos de usar o grande jardim do imóvel, entrar no porão ou utilizar o terraço, e também de ter animais domésticos.

Mas, apesar disso, Leitner comprou um cachorro com a esperança de que Fritzl não descobrisse, mas o cão chamou a atenção, gerando um novo motivo para discutir com o locatário que, finalmente, o levou a deixar o apartamento. O garçom lembra que o cachorro costumava "assustar-se muito" à noite. Ele pensa agora que foi porque o animal sentia os habitantes de baixo.

Além disso, Leitner diz saber agora a razão de outro mistério: muitas vezes sumia comida de sua geladeira, e o mesmo acontecia com outros inquilinos. Eles sabiam que o dono da casa tinha uma chave que abria todos os quartos, mas não podiam imaginar que tivesse necessidade de roubar comida.

Hoje, Leitner diz ter certeza de que os alimentos desaparecidos eram levados a Elisabeth e aos três filhos que viviam com ela.

DNA

Na última terça-feira (29), testes de DNA confirmaram que Fritzl é o pai dos seis filhos ainda vivos que Elisabeth teve no período em que ficou aprisionada em um porão sem janelas, informou a polícia. Ele abusava sexualmente da filha desde que ela tinha 11 anos. Em uma das vezes que Elisabeth engravidou, ela deu à luz gêmeos, dos quais um morreu três dias após nascer.

De acordo com o chefe da Promotoria local, Peter Ficenc, citado pela Reuters, o austríaco está sendo investigado por homicídio por omissão de socorro. Ele confessou ter queimado a criança logo após ela ter morrido. Ficenc disse também que as investigações estão acontecendo por estupro, incesto e coerção.

O caso veio à tona no último domingo (27), depois de a polícia ter prendido o suspeito e encontrado o porão onde ele mantinha a filha presa.

A investigação começou quando uma das supostas filhas dos dois, de 19 anos, ficou seriamente doente e foi levada ao hospital. Os médicos resolveram, então, apelar para que a mãe da menina aparecesse para fornecer mais detalhes sobre seu histórico clínico.

Elisabeth teria sido aprisionada pelo pai no dia 28 de agosto de 1984, quando tinha, então, 18 anos. Em depoimento à polícia neste domingo, ela disse que seu pai, Josef Fritzl, atraiu-a ao porão do local em que viviam. Antes de aprisioná-la, ele a teria sedado e a algemado.

A polícia disse que uma carta escrita por Elisabeth aparentemente apareceu um mês depois de seu desaparecimento. Ela pedia aos pais que não procurassem por ela.

Filhos

Efe
Tio Sam News Fotografia mostra o local onde filha e três crianças viviam em cativeiro

Três de seus filhos, com 5, 18 e 19 anos, ficaram trancados no porão desde que nasceram e nunca viram a luz do sol. Os dois mais novos eram meninos e a mais velha, menina. As outras três crianças --duas meninas e um menino-- foram criadas por Josef e sua mulher.

Segundo a polícia, Fritzl também admitiu ter queimado o corpo de uma das crianças, após ela ter morrido logo depois de nascer. Segundo a rede de TV CNN, a criança que morreu era gêmea de outra que sobreviveu.

Fritzl escondeu a entrada do cativeiro e somente ele sabia o código secreto para a porta de concreto reforçada, disseram oficiais. Algumas partes do local não tinham mais de 1,70 metro de altura.

As fotografias divulgadas na segunda-feira (28) mostram uma estreita passagem ligando os ambientes que incluiam uma espécie de cozinha, um local para dormir e um pequeno banheiro com um chuveiro. Um cano fornecia a ventilação. Havia também portas à prova de som.

Com agências internacionais

Elisabeth escondeu bilhete na roupa da filha doente; leia a carta encontrada pelo hospital

O Globo Online

Tio Sam News

AMSTETTEN - A polícia austríaca informou que o maníaco Josef Fritzl, que prendeu e estuprou sua filha Elisabeth durante 24 anos no porão de sua casa em Amstetten tendo sete filhos com ela, estava cansado de cuidar da filha e de seus três filhos/netos. Por este motivo, segundo a polícia, ele planejava o retorno das vítimas em um ano. O jornal britânico "Daily Mail" divulgou na edição desta sexta-feira detalhes do dia em que Kerstin, a filha mais velha de Elisabeth, foi internada.

Segundo o jornal, citando fontes da polícia, Kerstin ficou doente e Elisabeth a medicou com remédios comprados por Fritzl. Dias se passaram e o estado da menina piorou, até que ela entrou em coma no próprio porão. A mãe então implorou a Fritzl que as levassem a um hospital.

No dia 19 de abril, o engenheiro aposentado concordou em levar a filha/neta a um médico com Elisabeth. Mas o pai não sabia que a mãe das crianças - que temia contar aos médicos o que enfrentava nos últimos 24 anos - havia escondido um bilhete na roupa da filha doente.

O estado grave e misterioso de Kerstin, além da atitude da mãe, chamaram a atenção dos funcionários do hospital. A suspeita de que havia algo errado aumentou quando Fritzl entrou em pânico, sem qualquer motivo aparente, e pediu para os funcionários não ligarem para a polícia, abandonando Kerstin e levando com ele Elisabeth.

" Eu não podia acreditar que uma mãe que escreveu um bilhete daqueles poderia deixar a filha sozinha no hospital naquela condição "

Em seguida, segundo o tablóide, o bilhete foi encontrado:

"Quarta-feira eu dei uma aspirina e xarope para ela. Quinta-feira a tosse piorou. Sexta, o estado piorou ainda mais. Ela tem mordido os lábios, assim como a língua. Por favor, por favor ajudem-na! Kerstin tem medo de outras pessoas e nunca esteve em um hospital. Se tiver algum problema, por favor peça ajuda ao meu pai. Ele é a única pessoa que ela conhece. Kerstin, por favor fique forte até nos encontrarmos novamente! Nós voltaremos para vê-la em breve!"

O médico de plantão, Albert Reiter, suspeitou da situação:

- Eu não podia acreditar que uma mãe que escreveu um bilhete daqueles poderia deixar a filha sozinha no hospital naquela condição. Então, liguei para a polícia e fizemos um apelo na TV para entrar em contato com os parentes da menina - disse ele.

De volta ao porão, Elisabeth assistiu ao apelo pela televisão e exigiu que Fritzl a levasse de volta ao hospital.

No sábado, quando os dois retornaram à clínica, a polícia já aguardava. Os dois foram ouvidos separadamente pelas autoridades e o mistério foi desvendado.

"The Sun" levanta a hipótese de que esposa era realmente cúmplice

Segundo o jornal britânico "The Sun", a mulher de Josef, Rosemarie Fritzl, de 67 anos, levou comida ao porão e pode ter recebido encomendas no nome de Elisabeth.

Embora Fritzl tenha negado para a polícia a participação de sua mulher no caso , uma fonte do tablóide informou que as suspeitas sobre Rosemarie estão aumentando. Os investigadores, segundo a fonte, não entendem como ela pode ter recebido encomendas no nome da filha "desaparecida" e não ter suspeitado de que havia algo de errado.

Registros mostram que Elisabeth recebia catálogos de roupas, embora não tenha sido confirmada nenhuma compra em seu nome.

Na quinta-feira, um ex-inquilino de Fritzl disse que viu um dos filhos do seu locatário descer ao local . Alfred Dubanowsky afirma que alugou entre 1995 e 2007 um apartamento térreo na casa de Fritzl. O inquilino era proibido de se aproximar do porão, mas ouvia ruídos vindo do local.

Segundo Dubanowsky, era comum o austríaco entrar no porão à noite. Quando o inquilino pediu permissão para falar com o rapaz, Fritzl respondeu que seu filho estava trabalhando e "não devia ser distraído", informou a CNN. Não se sabe, entretanto, se Dubanowsky entrou no porão ou se teve acesso apenas ao local secreto onde ficava a porta de 300 quilos que isolava o local.

Josef Fritzl "governava a casa como um ditador"

(Portugal)
SUSANA SALVADORTio Sam News
"As perguntas sobre o que ele fazia lá em baixo tinham sido banidas há muito tempo", contou a um jornal austríaco a cunhada de Josef Fritzl, o homem que manteve a filha sequestrada durante 24 anos numa cave e com quem teve sete filhos. Em casa "era um tirano e um déspota", revelou Christine, de 56 anos, acrescentando que a mulher, Rosemarie, e os filhos viviam com muito medo dele. Fritzl "governava a casa como um ditador", explicou ao Österreich.

"Sepp [a alcunha de Fritzl] tinha uma rotina diária. Ia para a cave às 9.00 e passava muito tempo lá em baixo, várias vezes toda a noite. Dizia que estava a fazer os esquemas das máquinas que vendia. A Rosie nem sequer estava autorizada a levar uma chávena de café", afirmou. "Quando entrava numa divisão todos tinham que estar em silêncio e tratava as crianças como um instrutor. Era como se estivessem no exército", contou a cunhada do septuagenário.

Esta era a vida que Christine conhecia, mas a verdade é que nos últimos 24 anos ele levou uma verdadeira vida dupla. Enquanto em casa "humilhava Rosie e chamava-a gorda dizendo que era por isso que não tinha sexo com ela", alegadamente há 20 anos, mantinha uma relação incestuosa na cave com a filha. Elisabeth, hoje com 42 anos, pensava que seria gaseada caso tentasse fugir.

A polícia investigava ontem a veracidade desta ameaça, divulgada por Fritzl no primeiro interrogatório. Desde então manteve o silêncio. "Estamos a verificar se era possível encher a cave com gás caso lhe tivesse acontecido algo", afirmou ontem à AFP o porta-voz da polícia, Helmut Greiner. As autoridades acreditam também que estava estabelecido um mecanismo para que a porta de 300 quilos se abrisse em caso de ausência prolongada de Fritzl.

Um dos cerca de cem inquilinos da "casa dos horrores" que a polícia quer entrevistar, revelou ontem à BBC que viu um segundo homem entrar dentro da cave em que estava presa Elisabeth e os filhos. Alfred Dubanovsky, que alugou um quarto durante 12 anos na casa da família e estava proibido de se aproximar da cave sob ameaça de ser expulso, disse que o homem foi-lhe apresentado como um canalizador.

Este inquilino disse também que ouvia barulho "lá em baixo", mas que o senhorio dizia que era o ruído normal do sistema de aquecimento. Dubanovsky pensava que o local era usado como armazém, porque um vizinho lhe dizia que Fritzl costumava levar comida para lá.

Chocado com o caso, como todos os austríacos e o resto do mundo, o primeiro-ministro Alfred Gusen-bauer disse ontem que a Áustria "não será refém de um único criminoso bárbaro". O Governo promete defender a imagem do país.|Com agências

Áustria: Passaram a vida fechadas na cave

Vítimas nem sequer aprenderam a falar

(Portugal)
Heinz-Peter Bader / Reuters Tio Sam News
Centenas de habitantes de Amstetten participaram numa vigília de solidariedade para com as vítimas

As vítimas do ‘monstro de Amstetten’, como já é conhecido Josef Fritzl, comunicam entre si por grunhidos, têm a pele pálida de nunca terem visto a luz do sol, o sistema imunitário debilitado e estão subnutridas. Após toda uma vida passada numa masmorra apertada, o mundo exterior é para elas uma novidade absoluta e por vezes assustadora: tanto se sentem exultantes com uma viagem de carro como aterrorizadas por andar de elevador.

Enquanto a polícia austríaca continua a tentar descobrir como foi possível que Fritzl aprisionasse a própria filha, Elisabeth, numa cave, durante 24 anos, violando-a repetidamente e fazendo-lhe sete filhos (um dos quais morreu) sem que ninguém desse por nada, as atenções viram-se agora para as outras vítimas. Três das crianças, que foram adoptadas por Josef e pela mulher, levaram uma vida normal, mas as outras três passaram os seus dias fechadas numa masmorra, juntamente com a mãe. Segundo apolícia, tanto as crianças como Elisabeth estão muito debilitadas física e psicologicamente: sofrem de anemia, extrema sensibilidade à exposição solar, problemas de visão e orientação espacial e têm graves deficiências vitamínicas e imunitárias. Stefan, de 18 anos, anda permanentemente curvado devido à baixa altura do tecto da masmorra. Kerstin, que está internada devido a problemas renais, já perdeu a maior parte dos dentes apesar de só ter 19 anos. Felix, de cinco anos, prefere gatinhar a caminhar.

Apesar de conseguirem falar, comunicam entre si por grunhidos. O seu vocabulário é limitado e o conhecimento sobre o mundo exterior é nulo. Quando pela primeira vez viu a lua, Felix perguntou à mãe "se era Deus". A criança mais nova tanto guincha de prazer ao andar de carro ou ao ver os polícias falar ao telemóvel como se agarra às pernas da mãe, aterrorizada, ante cada barulho desconhecido.

Quando pela primeira vez viu a lua, Felix perguntou à mãe "se era Deus".

SUSPEITO DE HOMICÍDIO

A polícia austríaca está a investigar a possível ligação de Josef Fritzl ao homicídio de uma adolescente, há 22 anos. Martina Posch, que, segundo a polícia, tem uma "extraordinária semelhança" com Elisabeth, desapareceu de sua casa em Novembro de 1986. O corpo da jovem, de 17 anos, foi encontrado nas margens do lago Mondsee, onde Fritzl se deslocava frequentemente e chegou a ter um restaurante. A polícia está igualmente a interrogar mais de cem pessoas, entre familiares, amigos e vizinhos de Fritzl, para tentar reconstituir todos os seus passos ao longo dos últimos 24 anos. Acima de tudo, as autoridades querem saber se ele teve algum cúmplice, já que ninguém acredita que ele tenha agido sozinho. Entretanto, um jornal alemão noticiou que Fritzl estaria a planear libertar Elizabeth este Verão, uma vez que tinha obrigado a filha a escrever uma carta à mãe, prometendo regressar a casa nessa altura.

SOLTAS

PEDIU DINHEIRO

Fritzl começou a escavar a masmorra nos anos 70, aproveitando fundos concedidos pelo governo para a construção de abrigos nucleares. Tem várias casas em seu nome, no valor de 2,2 milhões de euros.

HÓSPEDE

Um homem que alugou um quarto na casa de Fritzl disse ter ouvido barulhos vindos do subsolo e ter visto Fritzl a transportar comida para a cave, mas não deu o alarme.

CAMPANHA

O chanceler austríaco Alfred Gusenbauer vai lançar uma campanha para defender a imagem do país no estrangeiro.

Ricardo Ramos com agências

Caso de incesto marca Dia do Trabalho na Áustria

Curiosos foram até a cidade para ver de perto a 'casa dos horrores'.
Data foi usada para lembrar do caso do pai que prendeu e violentou a filha por 24 anos.
Do G1, com agências

O terrível caso de abuso e incesto cometido por Josef Fritzl na localidade de Amstetten marcaram as celebrações do Dia do Trabalho na Áustria

Foto: John MacDougall/AFP
Mulher tira foto da casa de Josef Fritzl na cidade de Amstetten, na Áustria. Local atrai moradores e curiosos, além de dezenas de jornalistas (Foto: John MacDougall/AFP)
Foto: John MacDougall/AFP
Criança dorme no carrinho perto da residência dos Fritzl com o jornal que dá destaque à história que paralisou a Áustria (Foto: John MacDougall/AFP)

Segundo fontes do governante Partido Social-Democrata (SPÖ), 100 mil pessoas responderam à convocação da legenda e se manifestaram pacificamente diante da praça da Prefeitura de Viena.

Em seu discurso perante os manifestantes, o chanceler federal e líder do SPÖ, Alfred Gusenbauer, se referiu à horrenda história de Fritzl, que desde o último domingo deixa a população consternada, não apenas no país.


"É um crime inconcebível de um delinqüente que agiu por conta própria" e de "uma crueldade que consterna além da imaginação humana".


Mas o chefe do Governo também afirmou que "devemos defender o prestígio da Áustria" e que "faremos todo o possível para esclarecer este crime e ajudar suas vítimas".


Josef Fritzl, que se encontra desde a última segunda-feira em prisão preventiva em um centro penitenciário de Sankt Pölten, cidade próxima a Amstetten, manteve refém em um cativeiro de sua casa durante 24 anos e violentou sistematicamente sua filha Elisabeth, com a qual teve sete filhos, dos quais seis continuam vivos.


Por outro lado, Gusenbauer disse ser favorável a uma reforma tributária que favoreça a classe média do país.

Ameaças

A polícia austríaca revelou nesta quinta-feira (1º de Maio) que Josef Fritzl pode ter ameaçado matar com gás sua filha Elisabeth e os filhos que teve com ela caso a garota tentasse se rebelar contra ele.

Helmut Greiner, porta-voz da polícia local, disse à imprensa que o técnico eletricista aposentado Fritzl, de 73 anos, advertiu Elisabeth, seqüestrada e violentada por quase 24 anos, que, se "ocorresse algo" com ele, o porão se encheria de gás.

Este é apenas o detalhe macabro mais recente deste caso, que comoveu o mundo inteiro e é considerado o crime mais grave da história da Áustria.

A polícia austríaca também revelou hoje que Fritzl imitou a voz da jovem em um telefonema feito para sua mulher em 1994.

Na época, Elisabeth Fritzl estava presa há 10 anos na cela sem janelas, sem que sua mãe soubesse. Imitando a voz da filha, Fritzl ligou para a mulher e pediu a ela que cuidasse do bebê de Elisabeth que havia sido deixado na porta da casa.

Austríaco viajou duas vezes à Tailândia enquanto manteve filha no porão

Durante os 24 anos em que manteve sua filha Elisabeth trancafiada no porão de sua casa, o austríaco Josef Fritzl viajou pelo menos duas vezes à Tailândia de férias e a deixou sozinha durante semanas no cativeiro com seu três filhos.

Segundo o jornal "Bild Zeitung", um alemão que conhece Fritzl desde 1973 disse que foi com ele duas vezes à Tailândia.

O aposentado Paul H. afirma que já esteve na casa do austríaco, na pequena cidade de Amstetten, 130 quilômetros a oeste de Viena, três vezes, a última delas em 2005, quando ambos se sentaram na varanda e ele notou que os outros três filhos que Fritzl teve com Elisabeth e que viviam na casa junto a ele não podiam ir ao porão.

Fritzl manteve em cativeiro até o último sábado e desde 1984 sua filha Elisabeth, com quem teve sete filhos. Um deles, um bebê, morreu pouco depois de nascer.

O amigo alemão lembra que viajou com Fritzl a Bangcoc e depois à praia de Pattaya, mas este foi sozinho, pois sua esposa, como contou, tinha que cuidas das crianças.

Segundo o jornal austríaco "Heute", os investigadores do mais chocante caso de abuso e incesto conhecido na Áustria, apuram uma viagem, realizada entre 6 de janeiro e 3 de fevereiro de 1998, do austríaco a Pattaya, uma praia conhecida pela grande oferta de turismo sexual.

As autoridades austríacas acreditam que no período dessa viagem, Elisabeth, que hoje tem 42 anos, estava presa no porão da casa dos Fritzl em Amstetten com três dos sete filhos que teve com o pai.

Polícia descarta que austríaco tenha abusado de outros filhos

A polícia austríaca descartou nesta quarta-feira que Josef Fritzl tivesse abusado sexualmente dos sete filhos frutos da relação incestuosa que manteve, durante 24 anos, com sua filha Elisabeth, que ficava presa em um porão de sua própria casa.

"No caso de Kerstin (a mais velha dos filhos), podemos descartar (tal possibilidade) com toda segurança, e assumimos que o mesmo vale para os outros filhos", disse o chefe da investigação policial, Franz Polzer, em uma grande entrevista coletiva em Zeillern, perto de Amstetten.

Três dias após este macabro caso se tornar conhecido, Polzer disse que este crime tem "claramente um motivo sexual" e que "os resultados da investigação demonstram com clareza que o acusado agiu sozinho. Não há indícios nem técnicos nem biológicos de que exista um cúmplice, embora não se possa descartar nada".

As investigações levarão meses, já que a polícia pretende interrogar pelo menos cem pessoas que passaram pela casa dos Fritzl nos últimos 25 anos.

Polzer disse à agência Efe que a polícia recebeu na semana passada uma "informação anônima" que indicou que Fritzl, técnico eletricista, 73, e sua filha Elisabeth, de 42, iam, sábado passado, ao hospital de Amstetten para visitar Kerstin, a filha mais velha, internada em estado grave.

Segundo o chefe da investigação, eles decidiram então esperar na clínica, onde ambos foram detidos.

Nos interrogatórios, a polícia foi informada por Elisabeth sobre o calvário vivido durante esses anos no calabouço de Amstetten, onde foi sistematicamente abusada por seu pai e deu à luz sete filhos, um dos quais morreu logo depois de nascer.

Porão

Quanto aos detalhes da investigação sobre o ocorrido nesta nova "casa dos horrores", Polzer disse que se descobriu que a porta de acesso ao cativeiro subterrâneo (dividido em cinco quartos) tinha sido reforçada com concreto para aumentar seu peso em até 300 quilos.

Através dessa porta, de um metro de altura por 60 centímetros de largura, o acusado conseguiu introduzir eletrodomésticos como uma máquina de lavar roupa, um fogão, uma geladeira e um freezer.

"Assim era possível sobreviver ali", disse o chefe da Polícia da Baixa Áustria, que lembrou que a porta tinha um mecanismo que permitia, após certo tempo, abri-la por dentro "com a ajuda de uma ferramenta".

A prioridade agora é analisar minuciosamente os últimos 24 anos. "Os anos anteriores são secundários e serão investigados mais à frente", disse Polzer sobre as notícias de supostas condenações de Fritzl pelo estupro de uma mulher em 1967.

Também foi recebida com cautela sua suposta relação com um assassinato nunca esclarecido de uma jovem de 17 anos, ocorrido em 1986 na localidade de Mondsee, onde trabalhava então em uma pensão. A polícia austríaca anunciou hoje que iniciou "de forma rotineira" uma revisão desse caso, jamais esclarecido.

Filhos

Por outro lado, Berthold Kepplinger, chefe do centro para pacientes especiais de Amstetten, disse que os sete familiares diretos de Fritzl, incluindo sua filha Elisabeth e sua esposa, estão internados em um setor privado da clínica.

Três filhos fruto dos repetidos estupros viviam com os avós, para quem a mãe da criança as teria enviado, enquanto outros três permaneciam sob a terra com ela.

"Os que estiveram trancados devem se acostumar com a luz do dia e equilibrar suas deficiências de orientação", explicou Kepplinger em entrevista coletiva.

O médico acrescentou que os três filhos que viviam com a família estão "muito felizes" de estar finalmente juntos à mãe, enquanto ela "não pára de falar" com sua própria mãe, Rosemarie.

Alexander, o filho de 12 anos, recebeu na terça-feira uma festa de aniversário-surpresa com um bolo, relatou Kepplinger.

Todas as autoridades locais envolvidas no esclarecimento deste caso e no cuidado das vítimas pediram hoje que se respeite a intimidade delas, cujo advogado, Christoph Herbst, disse que não serão concedidas entrevistas.

Mulher austríaca afirma ter sido estuprada por Josef Fritzl em 1967

Uma mulher austríaca afirmou hoje ter sido estuprada em 1967 por Josef Fritzl, que ficou conhecido ao manter sua filha em cativeiro por 24 anos e de ter abusado sexualmente tela, relações incestuosa que levou ao nascimento de sete crianças.

A denunciante, que permanece no anonimato, afirma em declarações publicadas hoje no jornal "Oberösterreichische Nachrichten", de Linz, que reconheceu Fritzl como o homem que a estuprou há 41 anos.

"Quando vi as imagens de Fritzl na televisão sabia que era ele. Reconheci por seus olhos", afirmou a mulher.

Segundo a agência de notícias austríaca "APA", o advogado de Fritzl disse que se trata de um crime que prescreveu, ou seja, que já foi eliminado dos arquivos penais, o que não permite que seja usado contra seu cliente.

A mulher afirma que Fritzl a estuprou em outubro de 1967 em sua própria casa, em Linz, enquanto seu marido estava no trabalho.

Desde a última terça circulam pela imprensa local e internacional rumores sobre uma suposta condenação anterior de Fritzl por estupro, por causa da qual teria passado três anos na prisão.

A "APA" afirma hoje que a Polícia austríaca reabriu as investigações sobre o assassinato nunca esclarecido de uma jovem em 1986 perto da localidade de Mondsee. No entanto, por enquanto as autoridades não confirmaram a existência de uma relação entre Fritzl e este episódio.

Naquela época, a mulher de Fritzl tinha um restaurante nesta localidade, situada às margens do lago Mondsee, não muito longe de Amstetten. O corpo de uma jovem de 17 anos foi encontrado no lago, envolvido em plástico, e o assassino nunca foi encontrado.

Um porta-voz da procuradoria da Baixa Áustria, onde Fritzl está detido, disse hoje que não sabe nada sobre uma possível relação entre o acusado e este assassinato.

Fritzl foi detido no último sábado após ser descoberto que manteve sua filha Elisabeth, de 42 anos, em cativeiro durante 24 anos, no porão de sua casa.

O acusado abusou sexualmente da filha reiteradas vezes, o que fez com que ela desse à luz a sete filhos, um dos quais morreu com poucos dias de vida.

Este caso de incesto causou comoção em todo o mundo e acontece apenas dois anos após a libertação de Natascha Kampusch, outra menina austríaca, que atualmente tem 20 anos, e que foi mantida presa em um porão próximo de Viena durante oito anos.

Austríaco diz que prendeu filha para livrá-la das drogas

VIENA, Áustria - O austríaco Josef F., que admitiu ter abusado sexualmente da filha durante 24 anos disse, nesta terça-feira, que prendeu a própria filha no porão de casa para que ela se livrasse das drogas.
No segundo dia de depoimento à polícia, o agente imobiliário deu detalhes sobre suas atitudes e sobre os motivos que o levaram a cometer os crimes. Ele disse aos policiais que o destino dos três dos sete filhos que teve com a filha, foi traçado logo após o parto, uma vez que as crianças choravam demais. Assim, elas foram levadas para a casa da mulher de Josef - avó das crianças.

Segundo a polícia, Josef contou que levava roupas e comida às quatro pessoas que moravam no porão durante à noite.

A filha de Josef, hoje com 42 anos, está se tratando em uma clínica psiquiátrica, juntamente com seus cinco filhos e sua mãe. Eles são mantidos juntos em uma ala isolada do hospital. Segundo um médico, todos estão passando relativamente bem, mas estão abalados com o que aconteceu.

Ainda segundo ele, colocar toda a família em um mesmo local foi o melhor caminho para que mãe, filha e netos possam se conhecer melhor.

De acordo com as investigações, a mulher de Josef e as três crianças que viviam com ela não sabiam de nada que acontecia no porão.

A filha mais velha do austríaco continua internada no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Regional de Amstetten. Seu estado de saúde, após viver 19 anos trancafiada em um porão, ainda é considerado crítico pelos médicos.

(FP)

Com BBC Brasil

Natascha Kampusch vê paralelo entre seu caso e o de mulher presa pelo pai

da BBC Brasil

A jovem austríaca Natascha Kampusch, que passou mais de oito anos em cativeiro, disse se identificar com o caso de Elisabeth Fritzl, a mulher que foi mantida presa por 24 anos no porão de sua casa e abusada sexualmente por seu pai.

"Pouco a pouco eu percebi que havia semelhanças com a minha própria história. Então, toda essa história me afetou mais ainda" disse a jovem austríaca em uma entrevista exclusiva ao programa Newsnight, transmitido pelo canal de televisão BBC 2.

Na entrevista, a primeira de Kampusch à televisão britânica, ela disse que Elisabeth e sua família vão precisar de "tempo e sossego" para se recuperar.

"Eles precisam de muito sossego e... o tempo cura todas as feridas", afirmou.

Seqüestro

Kampusch foi seqüestrada aos 10 anos de idade, em 1998, e permaneceu mais de oito anos em um pequeno porão, sem janelas, sob a garagem da casa de seu captor, Wolfgang Priklopil, no subúrbio de Viena.

Ela conseguiu escapar em agosto de 2006.

O caso de Kampusch foi lembrado diante da revelação do novo escândalo de seqüestro e abuso sexual na Áustria, no último domingo, quando a polícia austríaca prendeu Josef Fritzl na cidade de Amstetten.

Fritzl admitiu ter mantido Elisabeth, hoje com 42 anos, presa no porão de sua casa por 24 anos, ter abusado sexualmente da filha e ter tido sete filhos com ela.

Doação

Kampusch disse que deseja à família de Elisabeth Fritzl "boa sorte" e espera que eles superem (o drama). "Eu acho que pelo menos os (filhos) mais jovens vão conseguir", afirmou.

Ela já havia anunciado à imprensa austríaca a doação de 25 mil euros (cerca de R$ 65 mil) a Elisabeth Fritzl e seus filhos.

Em um comunicado, Kampusch pediu a realização de uma campanha de doações para a família e disse que um apoio de longo prazo Elisabeth e seus filhos é "vital".

Kampusch disse que está em contato com o advogado da família e as autoridades locais e está à disposição para ajudar.


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