quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Brasileiro detido no Líbano como suspeito de terrorismo

O médico mora em Cuiabá e havia ido com a esposa buscar os filhos no Líbano. Cidadão libanês com o mesmo nome de Mohammed Kassen pode estar na lista de procurados por terrorismo pelas autoridades

A Polícia libanesa prendeu na semana passada o médico-pediatra brasileiro Mohammed Kassen Omais, acusando-o de, possivelmente, integrar uma lista de procurados por atividades terroristas. Omais, que mora em Cuiabá (MT) com a mulher, Gisele do Couto Oliveira, foi detido na última sexta-feira, 15, logo depois que os dois desembarcaram em Beirute, provenientes do Brasil, segundo informou ontem o G1 (portal de notícias da Globo).

O médico está isolado sem que as autoridades libanesas permitam que seja visitado pela família ou por representantes do Consulado brasileiro. Oficiais da Polícia libanesa disseram à BBC Brasil que Omais foi transferido a uma carceragem do setor de inteligência das Forças de Segurança Interna (FSI) do Líbano, em Beirute.

"Tudo que podemos dizer é que o caso dele é relativo a envolvimento com terrorismo e que seu nome consta em uma lista de procurados", afirmou um deles. Omais e Gisele foram ao Líbano buscar os três filhos, em férias desde dezembro com os avós na cidade de Qaraaoun, no vale de Bekaa, Leste do país.

Era para ser apenas uma visita familiar e a volta estava marcada para o próximo dia 28. No aeroporto, após a esposa passar pelo controle de imigração, autoridades libanesas anunciaram a prisão de Omais, que foi levado para interrogatório em seguida. "A reação dele foi de choque", disse Gisele.

Gisele considerou a acusação contra o marido sem fundamento, já que Omais jamais esteve ligado a movimentos políticos, tanto no Brasil quanto no Líbano. "Ele nasceu e viveu no Brasil, tem pouca ligação com o Líbano. Ele é mais turista aqui do que cidadão libanês", completou.

Segundo o advogado da família, Ayad Fares, o "Mohammed Kassen Omais" que consta na lista de procurados por atividades ligadas ao terrorismo é um homônimo do brasileiro. "O que sabemos até agora é que a pessoa procurada pela Polícia seria natural da cidade de Tiro, no Sul do país. Eles, inclusive, compartilham o mesmo nome do pai, diferindo, apenas, no nome da mãe", disse Fares. Gisele afirmou que, desde a prisão, Omais ligou duas vezes para a família e disse que estava sendo bem tratado.

O cônsul do Brasil em Beirute, Michael Gepp, disse à BBC Brasil, ainda conforme o G1, que tomou conhecimento da prisão na segunda-feira, 18, por meio de outro brasileiro, amigo da família de Omais. "Imediatamente entrei em contato com as autoridades libanesas para obter informações. Mas elas não estão permitindo nenhum contato com ele, nem mesmo a família ou seu advogado", explicou.

Gepp disse que, caso o governo brasileiro não tenha acesso a Omais até hoje, o Consulado pode decidir tratar a prisão como um incidente diplomático. O cônsul não sabe informar a quais acusações Omais responde, nem se ele teve envolvimento em atividades ilegais. "Como cidadão brasileiro, ele tem direito a uma assistência do Consulado", disse. (das agências de notícias)


RAIO X DO PAÍS

Nome oficial: República Libanesa
Capital: Beirute
População: 3,7 milhões de habitantes, dividida entre árabes libaneses e sírios, palestinos, curdos, armênios e drusos
Área: 10.452 km

Idiomas: Árabe (oficial), francês, curdo e armênio
Religiões: Islamismo, Cristianismo (dividido em católicos, ortodoxos, protestantes e outros
Governo: República parlamentarista
Moeda: libra libanesa (cotação: 1.509,00 equivalem a US$ 1,00)
História: Na antiguidade, o território libanês abrigou a Fenícia. Invadido por diversos povos, depois da Primeira Guerra Mundial ficou sob mandato francês. A independência foi proclamada em 1941. Apesar de uma rápida intervenção norte-americana em 1958, o país manteve a reputação de Suíça do Oriente Médio nas décadas de 1950 e 1960. Mas a guerra civil de 1975 a 1990, envolvendo uma invasão síria em 1976, além das intervenções israelenses de 1978, 1982 e 2006 devastaram o país. A situação política continua instável.

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