sábado, 31 de maio de 2008

Oficial da Marinha, 36 de idade, revela sua decisão de virar mulher

Oficial da Marinha, 36 de idade, revela sua decisão de virar mulher
O Barriga Verde

Um novo caso de homossexualidade nas Forças Armadas está abalando a rotina da caserna. Desta vez, o militar é um ex-comandante de um órgão da Marinha Brasileira. O oficial foi afastado de suas funções por causa de sua opção. Ele comandava um Batalhão Escolar, na Escola Naval do Rio de Janeiro. A instituição é responsável pela formação de oficiais.

O assunto foi destaque na imprensa do Rio de Janeiro. Quem desceu às minúcias foi o site Extra.Globo.com (adiante, veja link de acesso), em texto do jornalista Antero Gomes. Ele revela que "há mais de 10 anos na corporação, o capitão-de-corveta foi punido por seus superiores com o afastamento, pois teria revelado no quartel o desejo de se submeter a uma cirurgia para mudança de sexo".

O caso estava sendo, até a semana passada, mantido em sigilo pela corporação, que pela primeira vez se depara com uma situação envolvendo um oficial.

Nos últimos 24 meses, o capitão-de-corveta X., de 36 anos, viveu uma crise de identidade dentro do Corpo de Oficiais da Armada da Marinha. Quando estava de serviço na Escola Naval, o militar se vestia e tinha postura de homem. Em casa e entre amigos, X. vivia como mulher.

Foi dessa forma, vestindo elegantemente um short de brim azul, um casaco de moletom, óculos escuros Dior e uma peruca ruiva que ela - gênero de tratamento pelo qual pediu para ser tratada pelo referido jornalista - falou pela primeira vez sobre a polêmica em que se envolveu recentemente.

- Há muito tempo, eu via a Roberta Close e me imaginava sendo como ela. Estou há 21 anos na Marinha, que é uma instituição muito séria. Quando fiz a opção pela carreira militar é porque eu gostava, mas pensava, ao mesmo tempo, que, no Colégio Naval, eu poderia esquecer tudo aquilo (ser mulher) - disse X., que preferiu não divulgar o seu novo nome.

Em março deste ano, a transexual procurou seus superiores para lhes informar que estava tomando hormônios femininos há seis meses. E mais: que pretendia fazer uma cirurgia de redesignação sexual. Foi uma decisão difícil, depois de reprimir por 21 anos o que considera sua verdadeira identidade.

- Eu fui a vários psicólogos. Há dois anos, entretanto, não consigo mais suportar o fato de ter que me vestir de homem, de ter que ter uma postura de chefe na frente dos aspirantes a oficiais.

X. - quando era homem - foi casada e, dessa união, nasceu um filho de quatro anos. Agora, está em processo de separação judicial.

Querido entre seus comandantes e tendo recebido medalhas e notas altas ao longo de sua bem-sucedida carreira militar, X. está conversando com seus superiores para encontrar a melhor forma de se desligar da corporação. Provavelmente, será a reforma. Mas, por enquanto, a transexual está de licença médica por tempo indeterminado.

A versão da Marinha

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Marinha informou que o caso está sendo analisado e que não vai se pronunciar sobre o militar no momento.

O oficial já apresentou requerimento para permanecer na ativa, ocupando posto de chefia e mantendo a mesma patente de capitão-de-corveta. Afastado de sua função na Escola Naval, aguarda resposta superior para o seu pedido.

Casos semelhantes

Assim como a Marinha, Exército e Aeronáutica também enfrentam ações de militares transexuais que pedem a reintegração a suas funções.

A primeira transexual a obter identidade militar feminina no Brasil, a cabo da Aeronáutica M.L.S., 47 anos, também luta para ser readmitida na FAB.

Em Minas Gerais, um sargento do Exército saiu de férias e passou por uma transformação radical. F.P., de 26 anos, estudou teologia, mas entrou para o Exército, onde chegou a terceiro sargento. Servia em Juiz de Fora (MG). Foi casado durante seis anos e não teve filhos. Há dois anos, se separou e tomou uma decisão drástica para um militar de carreira: mudar de sexo.

Fabiane, como o sargento prefere ser chamada após a cirurgia, tenta voltar para seu trabalho, na ala de enfermagem do 17º Batalhão Logístico de Juiz de Fora (MG). Ainda como sargento, F.P. foi licenciado dentro de um processo administrativo e, legalmente, há uma série de requisitos que o militar tem de atender para que ele tenha seu requerimento deferido.

Na Justiça Federal de Minas Gerais tramita uma ação contra a União em que é pedida a manutenção dos vencimentos de militar e uma reparação moral estimada em R$ 300 mil.

Nenhum comentário: