A presidente da Associação dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (Apcesp), Maria do Rosário Mathias Serafim, decidiu hoje que ingressará na sexta-feira com um processo pedindo a interpelação judicial do médico-legista George Sanguinetti e da ex-perita Delma Gama. Sanguinetti e Delma classificaram ontem o laudo da Polícia Científica do Estado de "medíocre, dúbio e imaginativo".
A ação pedirá que eles sejam chamados para prestar esclarecimentos a um juiz, na presença de representantes da Apcesp. Além disso, os quatro peritos do Instituto de Criminalística (IC) paulista que assinam o parecer estão dispostos a entrar com uma queixa-crime contra Sanguinetti e Delma. Os peritos Rosângela Monteiro, Marcia Iracema Casagrande, Sérgio Vieira Ferreira e Mônica Miranda Catarino pretendem pedir indenização por calúnia e difamação.
"Conversei com eles, que estão muito magoados e indignados", afirma Maria do Rosário. "Eles entendem que não houve nada de positivo nas críticas. Foram comentários indevidos, feitos sem o menor respeito." Segundo ela, a argumentação do médico-legista e da ex-perita é "vaga" e "facilmente rebatível". Sanguinetti sustentou que Isabella não foi esganada, como indicou a perícia, pois não havia marcas no pescoço dela. "A esganadura pode não deixar marcas de unha, se for feita com a polpa dos dedos", afirma Maria do Rosário. "Os peritos de São Paulo encontraram, sim, marcas no pescoço que indicam asfixia mecânica."
Já Delma contrariou a afirmação dos peritos paulistas de que Isabella foi jogada de pé da janela. Segundo a ex-perita, Isabella foi lançada de cabeça para baixo, pois as marcas na parede externa do edifício indicariam uma das pernas da menina, e não uma mão, como afirmou a perícia oficial. "Não faz sentido inverter a posição da menina", rebate a presidente da Apcesp. "Aquela marca não pode ser de um joelho, pois ficaram marcados os cinco dedos da mão."
Família
O médico-legista e Delma foram contratados pela família Nardoni para analisar os laudos oficiais. Sanguinetti e a ex-perita apresentaram as conclusões ontem. Isabella foi morta aos 5 anos, em 29 de março, no prédio onde moram o consultor jurídico Alexandre Nardoni e a mulher dele Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina, na zona norte da capital paulista. Segundo a polícia, Isabella foi asfixiada e jogada do 6º andar. Alexandre Nardoni e Anna Carolina são acusados pela morte da menina e serão interrogados amanhã à tarde pelo juiz Maurício Fossen, no Fórum de Santana, também na zona norte da capital.
Apesar da fama, perito pouco influenciou em caso PC Farias
DA SUCURSAL DO RIO
28/05/2008
As mortes ocorreram em 1996. De imediato, a polícia de Alagoas apontou para a versão que Suzana matara o ex-tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello e, em seguida, suicidara-se.
Com base em fotografias dos cadáveres, o então professor universitário de medicina legal Sanguinetti contestou a linha oficial e se tornou conhecido. Embora não fosse perito do caso, seu parecer foi anexado ao processo. Suas impressões, contudo, não foram consideradas oficialmente.
Em 1996, um primeiro laudo fundamentou a versão original -questionada por uma segunda equipe, que teve suas conclusões reforçadas por uma terceira. Com base nos últimos laudos, polícia e Ministério Público reavaliaram o caso e, em 1999, concluíram ter havido duplo homicídio -sem considerar a opinião de Sanguinetti.
Com a fama no caso PC Farias, Sanguinetti elegeu-se vereador em Maceió (hoje, é filiado ao PV) e assinou como perito particular pareceres de crimes fora de AL. Além de médico-legista, é psiquiatra e coronel-médico (fora da ativa) da Polícia Militar de Alagoas.
Em decisões, a Justiça estadual ignorou Sanguinetti, criticou o primeiro laudo e elogiou os seguintes. Chamado de "legista do caso PC", Sanguinetti é uma figura irrelevante no processo que investiga a morte de Paulo César Farias.
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