O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota em que expressa a "inconformidade" do governo com as medidas tomdas pelas autoridades imigratórias do Aeroporto de Madri, na Espanha, para impedir a entrada de passageiros vindos do Brasil. Cerca de 30 brasileiros foram impedidos de entrar no paísno dia 5. alguns brasileiros se dirigiam a Portugal, onde iriam participar de eventos científicos.
O Jornal da Globo informou que a Polícia Federal mandou de volta oito espanhóis que tentavam na noite do dia 6, no Aeroporto Internacional de Salvador. Segundo os policiais, alguns dos espanhóis não estavam com a documentação em ordem, outros não declararam o dinheiro que traziam.
O Itamaraty analisa agora "a adoção de medidas apropriadas em resposta ao ocorrido, tendo em conta, inclusive, o princípio da reciprocidade".
"Há poucas semanas, o ministro Celso Amorim havia manifestado ao chanceler espanhol a insatisfação do governo brasileiro com a repetição de tais medidas restritivas e ressaltado a importância de que se conceda tratamento digno e adequado a cidadãos brasileiros que ingressam na Espanha", afirma a nota divulgada pelo ministério.
Hoje, o secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, reuniu-se com o embaixador da Espanha em Brasília, Ricardo Peidró, e disse que as medidas recentemente adotadas pelas autoridades imigratórias espanholas são "incompatíveis com o bom nível do relacionamento entre os dois países".
Estudantes brasileiros na "prisão" espanhola
Estudantes brasileiros retidos que ficaram retidos desde o dia 5 no Aeroporto Internacional de Barajas, em Madri (Espanha), retornarõa no dia 7 ao Brasil. Após mais de 30 horas sem tomar banho, Patrícia Rangel, de 23 anos, contou à Agência Brasil, por telefone, como ela e Pedro Luiz do Rêgo Lima, de 25, foram mal tratados pelas autoridades espanholas.
“Os policiais são muito grossos, não têm um mínimo de respeito e não tratam ninguém como ser humano. Isso aqui não existe, é um lugar fora do universo”, disse Patrícia.
Ela aguarda o vôo numa sala cheia de beliches, a mesma em que passou a noite anterior, juntamente com homens e mulheres. Disse que até conseguiu dormir, mas sem nenhum conforto. E só depois de 1h30 da madrugada, quando a luz foi apagada.
Havia chuveiro, mas nenhum utensílio para se tomar banho, como xampu ou sabonete, segundo ela. “Tem até chuveiro, mas não tem toalha. Imagina sair molhada num frio de 10 graus”, afirmou.
Os dois estudantes são mestrandos do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) e viajavam para participar de um Congresso da Associação Portuguesa de Ciências Políticas, em Lisboa. O cônsul-geral do Brasil na Espanha, embaixador Gelson Fonseca, enviou carta oficial à polícia do país reiterando o objetivo da viagem, mas a entrada não foi permitida.
Segundo Patrícia, os oficiais alegaram que a documentação era insuficiente. “A gente se cercou de tudo que seria necessário, fizemos seguro-saúde, trouxemos a quantia em dinheiro necessária, além de cartão de crédito, reservas no albergue e papéis que confirmavam a participação no congresso”, enumerou a estudante.
Patrícia contou que ela e Pedro passaram por três locais até chegar à sala atual. “Uma das salas que ficamos era muito quente e apertada, não tinha nem água. O único lugar em que dá para dizer que a gente teve algum tratamento minimamente humano é o que estamos agora, o ponto final. Aqui tem máquina de refrigerante e eles oferecem refeições” relata.
Os estudantes lamentam ainda não poder participar do congresso para o qual se prepararam durante dois meses. “Fomos privados de fazer uma coisa pela qual tínhamos muita expectativa. A gente queria aproveitar o ambiente acadêmico, aprender e ensinar o que a gente sabe. Não sei o que é maior, essa frustração ou o sentimento de revolta, porque isso aqui é uma prisão”, desabafou.
Patrícia e Pedro aguardam um vôo que sairia da capital espanhola às 8h (horário de Brasília), com chegada prevista para o fim da tarde.
Na sala em que os dois estudantes ficaram retidos, havia ao todo cerca de 30 brasileiros, segundo confirmou à reportagem o cônsul-geral do Brasil, Gelson Fonseca.
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