carta falsificada tinha o objetivo de vincular o regime de Saddam com a Al Qaeda
Washington (EFE) - A Casa Branca ordenou à CIA (agência de inteligência americana) que falsificasse um documento sobre a suposta relação do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein com a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, segundo um livro lançado hoje.
O site "Politico.com" informou que, segundo Ron Suskind, a carta falsificada tinha o objetivo de vincular o regime de Saddam com a Al Qaeda, em parte para justificar a invasão dos Estados Unidos ao país árabe, em março de 2003.
Suskind, ganhador de um prêmio Pulitzer, promoverá entre hoje e amanhã seu livro de 415 páginas em várias entrevistas com a rede de televisão "NBC".
A Casa Branca negou categoricamente as acusações do livro de Suskind, intitulado "The way of the world".
"não havia armas de destruição em massa no Iraque"Suskind alega que o Governo do presidente americano, George W. Bush, obteve informação de um funcionário dos serviços de inteligência iraquianos de que "não havia armas de destruição em massa no Iraque", e que os EUA tomaram conhecimento disso com "tempo suficiente para frear uma invasão".
A carta em si não é uma novidade, pois o jornal britânico "The Sunday Telegraph" já tinha informado de sua existência em 14 de Dezembro de 2003, o que gerou uma grande cobertura midiática nos EUA.
Agora, Suskind destaca que a carta foi falsificada por instruções da Casa Branca.
A condução da Guerra do Iraque é um dos temas dominantes da disputa presidencial nos EUA.
O candidato democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, disse que a invasão foi um erro estratégico e que, segundo ele, o Afeganistão deve ser a "frente central" da luta global contra o terrorismo.
Segundo Suskind, o Governo Bush tinha entrado em contato com o diretor dos serviços de inteligência do Iraque, Tahir Jalil Habbush al-Tikriti, nos últimos anos do regime de Saddam.
Muito antes da invasão, Habbush al-Tikriti tinha informado à Casa Branca que não existiam armas de destruição em massa, mas as autoridades dos EUA fizeram caso omisso e o enviaram em segredo para a Jordânia, diz o livro.
"Pagaram a ele US$ 5 milhões - poderíamos dizer para comprar o seu silêncio -, e depois usaram seu status de cativo para ajudar a enganar o mundo sobre uma das verdades mais assustadoras da época: os EUA foram à guerra de forma fraudulenta", relata.
O Departamento de Estado americano, segundo Suskind, mantém Habbush al-Tikriti na lista dos mais procurados, por quem ofereceu uma recompensa de até US$ 1 milhão.
Aparentemente, a Casa Branca havia "inventado" uma carta de Habbush al-Tikriti a Saddam, com data de 1º de julho de 2001, e nela dizia que o estrategista dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 Mohammad Atta tinha sido treinado para sua missão no Iraque.
Sua suposta presença no Iraque demonstraria "que havia um vínculo operacional entre Saddam e a Al Qaeda", segundo o autor.
"Desde os atentados de 11 de Setembro, o escritório do vice-presidente (dos EUA, Dick Cheney) tinha pressionado a CIA para que desse provas desse suposto vínculo como uma justificativa para invadir o Iraque", diz o livro.
A Casa Branca negou as acusações de Suskind, que inclusive detalha que a ordem de inventar a carta foi escrita em papel timbrado "de cor creme" da Casa Branca.
Tony Fratto, um porta-voz da Casa Branca, declarou ao "Politico.com" que "a acusação de que a Casa Branca instruiu alguém para falsificar um documento de Habbush al-Tikriti a Saddam é simplesmente absurda".
"Ron Suskind ganha a vida fazendo jornalismo sensacionalista.
Quer vender livros fazendo acusações exageradas que ninguém pode checar, incluindo as várias comissões bipartidárias que informaram sobre os dados de inteligência prévios à guerra", disse Fratto.
Antes deste último livro, Suskind já tinha ficado famoso com dois livros, em 2004 e 2006, que também criticavam duramente a gestão do Governo Bush, constando na lista dos mais vendidos do jornal americano "The New York Times". EFE
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